terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Asco flutuante

Engraçado como tudo flui, tudo corre, tudo nada.
Viciante como rotina, sensação estática, pouca evolução.
Respiração concisa, olhos flamejantes, pensamentos flutuantes
atitudes lentas, olhar difuso.
Uma depressão se aproxima, um desnível insiste em atrapalhar
escuro, escuro veio atormentar. 
Minha epifania me encontrou: um fungo tomou vida e andou pelos galhos disformes subi no muro para espiar o barulho discreto a me incomodar era ele, sim era ele. Suas hifas caminhavam como patas de aranha e descobria um lugar novo para parasitar. Desci e me aproximei... ele viu sim. Olhou-me, parou e caminhou em minha direção. Devagar eu deixei ser envolvida. Multiplicando feito praga apoderou de meu anima, levou minha luz, meu vigor. Bebi suas toxinas, lambi seus esporos e aquilo ia me esvaindo, deixando-me á pele. Digeriu meu coração e em um último sopro, meu pulmão. Cai sem direção, virei um galho seco, rico em colágeno, pobre em melanina e ali fiquei entre os ramos sem visco. Ele se foi, aquele basidiomiceto devorou minhas entranhas e caminhou contra mim lentamente em busca de uma boa digestão e sem olhar pra trás regurgitou e engoliu feito ruminante para não desperdiçar um pedacinho sequer.

Um comentário:

  1. Uma agonia enoooorme ao ler essa tua descrição, Saraaah! xD

    Mas ó... se algo te "devora" é porque, em algum momento, vc deu a permissão pra que isso acontecesse, concorda?

    BjO! =**

    Um excelente 2012 pr'ocê, fofa! =D

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